sexta-feira, 25 de julho de 2008

Primeira quase vez.

Foi o beijo demorado que separou a cidade do calor do meio dia e o entardecer, que ia aos poucos apagando a intensidade das cores ao redor. Ela conseguiu sentir o aroma sutil que diferencia uma tarde no parque e um convite para subir ao apartamento misterioso. O tênis foi se travestindo de sapato agulha, preto, deslizado por causa da meia fina que nunca teve coragem de comprar. Diáfana! Afinal, que menina ousada era aquela? Foi subindo as escadas para o encontro íntimo. Que de íntimo não tinha nada! Ela sabia o que significava cada degrau deixado para trás, e se tinha a consciência não era íntimo, e nem digno.

Pois bem, do outro lado da escada o rapaz não sabia que horas eram, não contou quantos degraus faltavam e arrastava os cadarços sem prestar atenção. Enquanto ela fez e refez a lista mental do certo e do errado, segundo sua mente moralista. Já estavam a dois anos juntos. Tempo suficiente! Ambos maiores de idade e isso deve significar maturidade para encarar esse tipo de coisa. Amavam-se loucamente, e a poltrona do cinema tava ficando pequena pra tanto amor ...

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