domingo, 15 de julho de 2007

E se eu assoviar aquele música que ele sempre gostou. ... Será que ele volta? Não, acho que não. Um dia, eu disse, como quem diz que o leite da geladeira acaba, acabou. Simples assim, acabou! E fui embora. Fiquei sabendo que a dor dele foi tanta que chegou a ser física. Nossos amigos em comum tentaram reconciliar o que eu sempre olhei torto: o amor. Por trezentos e sessenta e cinco dias, cinco horas e quarenta e cinco minutos eu tentei. Até o momento em que bati a porta de casa e me vi de frente com a plaqueta de madeira: - “Aqui mora gente feliz”. Só se fosse ele. Ou o Toddy, nosso cachorro. Sou réu confessa, deixei de acreditar que viver em dupla seria melhor do que morar sozinha. A vida depois daquele dia soou como valsa, aonde a mulher ia embora e não sentia falta (e tão pouco voltava). A vida trouxe novos acontecimentos, a solidão não era tão só, comecei a achar que o travesseiro branco do meu lado esquerdo sem ninguém ocupando era mais completo. Que fazer xixi de porta aberta era na verdade fazer as coisas para você mesma, sem se preocupar com a janta da noite ou com as contas para pagar. Às vezes me pergunto por que diabos eu fui embora? Simples, eu sou egoísta. Amar exige companheirismo, confiança e satisfação. Confio em mim e nos meu corpo de quase modelo. O Toddy veio comigo, do que mais eu precisava? E eu gosto de viver a minha vida, ter a liberdade de ir e vir, satisfazer minhas vontades sejam elas quais forem. Perguntaram-me por vezes intermináveis se o amor tinha acabado. Não, eu acho que não sei o que é amor. Amor se é amor, tem chance de acabar? E sinceramente eu acho que se eu não amei ele, ele também não me amou de verdade. Achei que não conseguiria viver sem aqueles trezentos e sessenta e cinco dias pro resto da minha vida, mas eu fui embora, porque eu gosto de correr risco, e com ele eu não corria nenhum. Mas hoje eu queria ele de novo. Hoje ninguém me chamou pra sair, minhas amigas foram viajar e eu tive que ficar trabalhando. Não, não enfraqueci, isso jamais! Só queria conversar com ele, brigar com ele, quem sabe. E se eu ligar pra ele e pedir para que ele volte? Não, acho que não. Um dia, ele disse, como quem me diz eu te amo, disse ele, com fraqueza na voz: - "te traí". É, deixa ele lá e eu cá. Ter vivido trezentos e sessenta e cinco dias diferentes não me tirou a vontade e esperança de viver dias melhores.

Nenhum comentário: