Des(abafo)

Eu nem sei por onde começar.

Hoje acordei com aquela antiga dor no peito. Apesar de ausente ela resolveu aparecer, e mesmo que com novos ares, ela esteve ali logo que acordei. Por uma noite todas as responsabilidades do mundo estiveram por de cima da minha cabeça, e eu, dona de mim mesma, nem pude me defender. A verdade é que se tornou pequena a diferença de querer ser feliz e do fazer tudo errado. Andam paralelos na minha vida, por que tudo que eu mais quero ta longe se ser o certo. Mas sem faze-los, como posso ser feliz? Faz tempo que me olho no espelho e me pergunto se quero ser agradável aos olhos dos outros ou aos meus. Os olhos que procuram por alguém que nem existe de fato na minha vida.
Ontem eu fiquei esperando por mim mesma, mas parece que eu nunca chegava. Procurava dentro de mim a razão que ainda nem conquistei, a razão que ninguém pode saber. Por ser impossível tentei de outras formas achar algo que completasse esse vazado do lado esquerdo do peito. Como um jogo de encaixes, conheci uma peça que era grande demais para mim, era completa, brilhante, esplendorosa. E por ser demais, sobrou, e nada aconteceu. Outra peça era pequena demais, fazia parte de um passado a ser esquecido. Dançava dentro do meu peito por ser menor do que meu corpo. E eu queria mais, pedia mais. Faltou, e tudo deixou de acontecer, surpreendentemente. Do nada, surge a peça que consegue ser as duas coisas, e por ser inconstante, não serve. A verdade é que eu preciso fazer algo por mim mesma, e todo aquele egoísmo que nunca tive precisa existir no mínimo que se é possível. Acreditem ou não, e isso pouco importa, eu odeio magoar as pessoas, odeio que as coisas não estejam no controle dos outros e sim nas minhas mãos. A verdade é que eu não posso fingir. Se alguém gostar de mim mesmo, tem que aceitar os meus defeitos e qualidades que no todo representam a Maria Fernanda. Ontem duas pessoas me ensinaram que para parar de chorar precisa olhar para cima e respirar fundo. Mas do que adianta se quando olho ao meu redor eu vejo as pessoas tristes comigo? Passou nos limites, e eu to com medo que eu perca toda aquela amizade que eu tinha com alguém. Eu gosto, gosto de verdade. Mas eu sei até aonde eu gosto. E esse é o meu limite.Tudo que não tinha que acontecer ta acontecendo. Vesti minha armadura porcaria nenhuma! To mais frágil do que nunca. Tem cenas que doem ao ver, e outras que machucam por que eu fujo delas. Fujo mesmo, fujo por que não sei mais estar aonde não quero. É como entrar em um palco e sair correndo dele e deixar todo mundo na mão. Eu não posso mais encarar essa platéia de frente sem saber o que a minha personagem quer dizer. É um texto sem falas, de improviso, cara a cara, unha por unha e sentimento por sentimento. Essa é a vida ... E agora ela está um caos.