quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Sem sujeito narrativo. É sobre eles, é sobre mim.

Um mundo naufragado, de parte em parte, bóia no rio rente aos seus olhos. A mala está pronta, o coração está partindo e leva de carona a história de nós dois. Luciano está parado e estático, mas a mesma energia pulsa em seu interior. Aos poucos, nos olhamos em distancia, cada um já dono de si, e nenhum dono dos dois. Sempre seria assim? Um amor começa e é tudo que se tem. Pouco depois ele enjoa, reverte, dá ancia e sensação de prisão. Aos poucos a delicadeza que movia os lábios um em direção ao outro, virou pele humana em asfalto quente. O cabelo bagunçado de Luciano perdeu a perfeição e agora virou desleixo. Os dentes de Paula já não se mostravam, escondidos atrás dos insultos das brigas de meia noite, das longas noites bêbados em que o romantismo de vinho acabava no desentendimento vermelho sangue. Ela no sofá tomando café quente, de pijama, com o cabelo pingando água, dizendo estar pronta para dormir. Ele, parado na porta, temendo o frio que há por trás daquela porta. Se dentro amor e paixão, vidro embaçado de carro e vontade de não ir embora. Por fora do apartamento em junção de bens, os elogios perdidos, a admiração evaporada, a aliança escada á baixo. - À noite que nos tornava amantes inconseqüentes, desvendando fantasias e fazendo dos braços o melhor abrigo. Brindou o café ao alto, discursando as últimas palavras antes que encontrasse um outro amor. Luciano virou em câmera lenta para trás, fechou os olhos e esboçou um meio sorriso. Irônico perder um amor quando ainda é amor. E as pronuncias ditas pelos enamorados, de que aquilo não dava mais certo é desculpa para quem não queria mais tentar. Desistir fez de Paula solitária, de Luciano um perdido, e dos dois, um só caminho. Não agüentaram, mudaram o destino e a ordem natural das coisas. Mudaram a rotina, Luciano pegou Paula pela mão e correu pelo corredor, de pijama, á luz da lua. Fugiu junto com ela, terminaram e começaram de novo. Quanto fosse preciso. O Encontro demarcado na estação de trem virou a mais bela música que seus olhos não sabiam ouvir. Foram enamorados uma vez, mas hoje eram um só. A alma com a sua gêmea, o encontro datado em um dia que não terminaria quando parecesse que não dava mais certo. Eles saltaram, foram e dês foram, puxaram o letreiro junto e disseram que tinha acabado, e por hora, seriam felizes para sempre.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mary,
Fazia tempo que não entrava para ler os textos de Premiére Vue... Esse último mexeu comigo. "Irônico perder um amor quando ainda é amor".
Mas, o que resta nessa vida senão amar e desamar e amar mais e muito sempre??
Com amor, sempre,
Cau