
Estava alí escondido, no beijo abafado do carro quente, em que as janelas nos isolavam do resto da rua, do resto do mundo. Estava o tempo todo nas piadas engraçadas, no bom humor, no jeito de arrancar do meu peito o sorriso conseqüente do meu rosto. De que chão brotou? De que céu caiu? De que árvore nasceu? Somente alguém, alguém como ele, me deu em um segundo todos as respostas que meu livro colecionava em branco. É como se ele tivesse tropeçado na tinta guache e tivesse colorido espontaneamente um beijo aqui, outro ali, que museu nenhum de arte descreveria. Não com essa rapidez de olhares, com o momento certo e incerto de pegar a minha mão, com a boca sempre no encaixe perfeito da minha.
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