domingo, 8 de junho de 2008

Dividir-se em alguém.

A questão é a seguinte, o que você vai fazer o dia que acordar e sua vida não ter mais sentido? Vai se desesperar e cometer uma loucura, ou vai recolher os pedaços que sobrou dela e dar graças por essa ‘chance’, que muitos têm esperança de receber?
Pare e reavalie tudo que já passou nela. Avalie suas amizades, seus objetivos, suas alegrias e tristezas, medos e inseguranças. Avalie você mesmo. Uma vez, duas vezes, sete vezes. Se for preciso, sete vezes sete vezes sete.
Pode parecer bobagem falar isso dessa maneira, sem ao menos eu te conhecer e ter trocado meia dúzia de palavras com você, mas pouco me importa. Eu falo o que penso e o que bem entendo. Se te ofendeu, me perdoe.
Mas agora a bola está nas suas mãos.

E quando a minha chance chega, eu não quero me avaliar. Foda-se o que eu fui ontem, antes de ontem, do lado avesso, de quatro, de oito. Pode parecer bobagem, mas meia dúzia de palavras podem definir uma pessoa. Meia dúzia de beijos, de flores, de paisagens. Se te beijei em três lugares diferentes foi muito. A paisagem continua intacta, sempre a mesma. Eu não falo o que eu penso, e esse filtro de verdades parece um muro entre nós dois. Eu vomito amores e canto palavrões, cada dia como qual, cada dia único.
Lá vão seis palavras pra você! Se quiser engole, se não rejeita: Quer ir comigo no shopping sexta? Quem sabe lá a gente troca mais de meia dúzia de palavras, e as multiplicas por sete. Ou sete vezes sete.


Fácil falar quando se um fio encapado todo cortado pelo arrastar dos móveis nos separa. Na realidade, falar é muito fácil. O difícil, sempre é o fazer. Dizem que um gesto vale mais que mil palavras. Nem que me paguem eu acredito nisso. Porque mil palavras podem atingir muito mais do que um jeito se forem bem escritas. Então não me venha dizer de lugares que nos encontramos, quantas vezes nos beijamos ou passeios no shopping para multiplicar tudo por sete vezes sete. Já me teve uma vez, e não soube valorizar devidamente.
Tudo bem, eu compreendo.
Quem sabe um dia partilharemos das mesmas paisagens, mas não da mesma paisagem, eu saberei a sua flor favorita, e se você não tiver uma, não tem problema, eu compro os parques e as lojas, os canteiros e as praças pra descobrir qual delas faz você sorrir.

Você odeia gerúndio, eu odeio passado. Dizem que o imperfeito não participa do passado. Mentira, nem que me paguem eu acredito nisso. Mas confesso: você me conhece muito bem com meia dúzia de palavras. Já sabe que eu não tenho flor favorita, não tenho uma pessoa favorita, e não tenho, principalmente, um jeito meigo de manter as coisas no seu curso normal.
Quer ir comigo no shopping sexta? Mas não de carro, nem de trem, nem de metrô. A gente iria de balão, de skate, de barco, de mãos dadas. E de jeito nenhum, nem que passasem correndo entre nós dois eu soltaria dela. Não naquele dia. O que vem depois não me diz mais respeito.
Todo mundo muda, né? E muda diariamente. Às vezes minha mão, no dia seguinte, queira apenas te pegar os cabelos, ou o rosto, ou as costas. E quer saber, sem nenhum sentido queria te mandar reclamar, e não comentar. Seja menos passivo, grite, brigue, fale mal, julgue.

Pra que a sua vida siga a diante.



Por Glauco Mazrimas e Maria Fernanda Loverra.

3 comentários:

Anônimo disse...

E quem disse q os textos escritos a duas maos tb nao podem ser tao prazerosos de ler?

Muito intenso e muito bonito.. Parabens autores...

DANIELA GONZALEZ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
DANIELA GONZALEZ disse...

esse eu já tinha lido...
a sensação que tive ao ler, não poderia ser diferente...
conheço vcs (mais um do que o outro, confesso), mas o resultado não poderia ser melhor...

parabéns!