segunda-feira, 4 de agosto de 2008

You are a milk.

O excesso de cálcio corre no lugar da água no meu corpo. De forma estranha, litros de leite me deixam fora do mundo, com a cabeça reconfortada no peito materno e nada mais. Isso me fez pensar no quão bebê ainda sou, e ainda quero ser.

Vamos lá.

Dependente de pai e mãe, com leite no seio ou não, o importante é casa, comida e cara lavada. A casa me sedem (com mobília, empregada e segurança) a comida cozida e bem preparada. E a cara não só geneticamente emprestada, mas a de uma burguesa de classe média alta que só toma leite sem nata e só dorme com meia nos pés.
Existe também na vida de um bebê o sono incontrolável mesmo depois de um dia ocioso, onde o sono não reconforta o cansaço do dia, mas sim me deixa ausente do meu próprio consciente e me abandona em sonhos desconexos. Tem dias que o simples fato de acordar me é um empecilho, porque de certa forma vou ter que me ligar de forma direta ao mundo, aos meus desejos e objetivos que precisam de certo esforço para serem alcançados. Objetivos na qual meus pais esperam uma resposta.

Os meus pais trabalham, de segunda á sexta para que eu tenha tempo para decidir o melhor caminho. Eles não reclamam, não pedem, não exigem ainda um posicionamento rápido de sua filha criada a pão de . Acho que no fundo todo pai sabe que um dia a gente vai ficar nesse mundo sem eles, então enquanto podem eles querem que a gente seja de fato dependente de seu leite, amparo e carinho

Aí eu sei que posso fingir o quanto quiser a minha independência que só dura de sexta á domingo, aonde numa ilusão escrota eu saio por aí com carona de amigos achando que ninguém manda em mim. Ninguém? Analiso minha roupa, meu sapato e até meu cabelo tingido que veio do bolso dos meus pais. O dinheiro da carteira, a capacidade de ler e falar por ter estudo em ótimos colégios de forma regular. O de me expressar que eles me esinaram hoje me dão um grande hall de amigos e de consequentes saídas mundo á fora. A cerveja que hoje bebo só existe porque um dia minha mãe me deitou sobre seu peito e me ensinou a beber. No fundo tudo é relacionado e a famosa frase “Eu devo tudo á eles”, que finalmente parece fazer sentido pra mim.

Um comentário:

Iuri Gabriel disse...

"Litros de leite me deixam fora do mundo, com a cabeça reconfortada no peito materno e nada mais. Isso me fez pensar no quão bebê ainda sou, e ainda quero ser."

E eu me pego pensando, quanto meus pais desejam que eu ainda seja bebê. E quando devo dar meus passos de verdade, não apenas com os pés.