quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Diz quanto vale

O dinheiro que encontro no chão,
A festa do ano novo,
O lugar vazio no ônibus,
Um dia esperado,
Um dia improvisado,
Para qualquer coisa,

sem você.

Então criei meu céu nebuloso,
Tente não ficar com cara feia
Ao descobrir que desisti da vida
Quando te vi atrás da porta.

- Alô? Mãe, ela me deixou.
- Filho, calma, ela só vai desocupar um lado da cama
e reduzir pela metade

a conta de telefone.

Cortei com serrote a sua parte.
A cama já não serve mais,
tentei que virasse solteira.
Mas ela não superou, virou lixo.

Vendi o carro
Comprei em cigarro e café

Vendi o carro
Tô andando de cigarro e de café

Vendi o carro
Pela a metade do preço que você sugeriu.

Desculpa?

Embalei o álbum em papel camurça,

- Brother, que eu faço com as coisas que ela deixou aqui?
- Dá embora.

De porre,
Copo na minha mão,
Televisão chiando,
Caneta nos dentes,
Cigarro molhado no café,

Decorei: na foto do buquê seu tio avó aparece lá atrás dormindo.

São quarenta e cinco, no total.

A capa azul não me agrada,

Mas o som da festa sim.

Não gosto do seu sorriso da terceira de trás para frente,

Parece forçado e forjado.

Desculpa.

Não vou poder continuar por hoje,

Preciso tomar banho. Não sei.

Amanhã te vejo, ta?

Aonde?

Pode ser lá na dos seus pais,

Aquela décima segunda,

Que eu apareço segurando a sua mão e olhando pra câmera errada.

Até amanhã meu amor.

Eu amo você.

Um comentário:

Glauco Mazrimas disse...

Cigarros e aspirinas
biscoitos molhados no café mal passado.

Sua mão na fechadura e as chaves no pé.

-Tudo bem, amanhã veremos.
Só que não na dos meus pais.


Lembra que disse a cada dia me surpreender mais? Este foi mais um deles.

Beijo lindá.